Crônica salgada de nossa ecologia cultural

Hoje me bateu a vontade de falar de nosso meio-ambiente nada doce. Começo no início da involução ou desenvolvimento histórico de nossa cara praia de Pipa. Recordo as cacimbas de água doce que existiam nas praias de Tibau do Sul. Alguns falam em oito ou nove somente em Pipa. Era lá que os nativos colhiam a água para beber, fazer sua comida e lavar o sal da pele. E foi nesta época que ocorreu a primeira interação entre nativos e estrangeiros. Alguém trocou uma prancha de surf por um lote de terra para construir um chalé e aí começou a simbólica corrida pelo desmatamento da nossa outrora mata atlântica. Furamos o solo da argila que encobre a camada de areia, meia salgada, na busca de mais água e para enterrar nossos excrementos humanos em fossas jamais sépticas. E veio a caixa de gordura nada séptica para alimentar as baratas urbanas (ainda temos a barata cascuda da mata com outros hábitos).

Ocupamos a beira das falésias sob as quais avança o mar num ritmo veloz, ano a ano, inexoravelmente. A imagem do são Sebastião no mar próximo à praia do centro, já quase afogada nos faz recordar da pracinha, das casas com plantações de macaxeira e bananas que existiam onde hoje o mar se quebra na maré baixa. A argila das falésias, amontoada e enegrecida pelo sal cobriu tudo e parecem arrecifes. Morava-se onde hoje repousam as lanchas de turismo para ver nossa atração maior, os golfinhos. Paraiso onde os golfinhos visitados em Miami, ainda restam na outrora praia dos currais. E foi então que se deu o nome de ‘praia das minas’, para onde escoriam as águas de minas de água doce que brotavam das enormes dunas que a circundam. Ali mesmo onde passou a se chamar de Yahoo, bar fundado por um jovem e alegre alemão. Tempos nostálgicos dos nórdicos que nos deixaram o menino galego de olhos azuis, novo herói do surf local que já é reconhecido no Bali.

Lá se vão trinta anos plantando antiguidade à praia do centro. Agora ficou proibida a análise de suas águas como praia poluída e imprópria ao banho. E como anátema, o IDEMA só analisa outras praias, mas jornais de São Paulo a inclui na longa lista das proibidas. As cacimbas nascem salgadas, o mar já comeu parte do velho cemitério dos nativos e levou embora as antigas escadas de madeira. A água dos poços artesianos, da segunda camada do lençol freático, já está contaminada pelos nossos coliformes fecais e haja cloro para limpá-las. Já passamos para a terceira camada buscando água a 250 metros de profundidade. Só no ano passado este lençol doce desceu 5 metros nos bairros mais distantes. Nosso primeiro depósito de esgoto, escondido atrás de igrejinha católica, já recebe as águas da maré cheia e mais 15 anos estará afogada como a estátua de são Cristóvão. E, ainda não temos chuveiros públicos e muitos visitantes defecam atrás de uma onda. Alguns troços mais secos navegam nas piscinas naturais. Outros, mais pesados se misturam nas areias. E nem falo no mijo.

O censo agropecuário dos anos 70 dava como principal produto local a lenha. Mas ela continua junto com as jovens varas de árvores a alimentar os fornos das deliciosas pizzas italianas e suas similares. O desmatamento já bateu nas margens da Mata de Pipa, a ser preservada, onde eu moro a 5 anos. Já não vejo os roceiros passarem. Mas ouço o barulho das marés altas e os tombos das árvores altaneiras que as dunas não mais seguram. A mata escasseia por si. Morrem as raízes que alimentavam de água o lençol freático. O milho plantado e replantado, este ano não dará nada. O feijão de corda já se colhe bichado, clamando pelos agrotóxicos, ainda não usados. Os próprios cultivadores das roças, que os via às dezenas passando sob meu olhar madrugadeiro, já escasseiam. Restam poucos nativos que amam a terra. Idosos sentem as pernas fracas e reclamam dos filhos que não veem mais às roças. E a macaxeira acaba sendo vendida para alimentar gado e porcos, pois fica dura e não derrete na boca. A macaxeira que compramos vem da Paraíba, de grandes plantios regados. As alfaces estão vindo das plantações da Vitória da Conquista, já na divisa da Bahia com Minas. E os nativos, barrados pela Mata da Pipa, estão vendendo o que resta, bem roçado e limpo como gostam os novos moradores. Vai faltar caju e já importamos castanhas do Ceará, algumas tipo exportação, outras pelo menos vistosas, mas há as quebradas e lascadas que meus dentes idosos não mastigam.

Enfim o ciclo da nossa efêmera ecologia-cultural se esvai, pois esqueceu de sustentar os costumes passados. Se torna uma ideologia e como todas elas uma ‘falsa consciência’, uma ‘religião’ que busca preservar velhas imagens. Só os estrangeiros visitam nossa feira orgânica espremida na praça do Pescador. E o orgânico veem do paú, do catú, da Vila Flor (primeira cidade do RN), plantada pelos históricos holandeses que abrigavam sua pólvora na lagoa de Guarairas, onde se contempla o pôr do sol refletido nas areias do assoreamento. São 30 anos que se somam aos 300 de Nassau, como um rastilho de pólvora que queima o meio e os arredores do ambiente. E se reflete na nostalgia da minha mente que perde a esperança de ser conservacionista. Em breve ficarei também nas saudades que podem brotar entre os muitos afazeres.

extraido do face
https://www.facebook.com/groups/kesaber/permalink/1024042227696218/

Mulheres de Pipa no 8 de março

protesto contra a violência de gênero e comemoração do dia da mulher na praça do pescador

Ecofeira da Pipa

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Vivência com Mestre Cobra Mansa em Pipa

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Na Pipa – RE-ciclando tudo!

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Gambá Art & Noise

Vídeo das intervenções de Lú Gambá em Pipa e Natal

Ao vivo na Pipa

Encontro Punk e Anarquista de Natal

Ecofeira Cultural da Pipa – nessa sexta!

cartaz - feirinha cultural-cor

Desorganizando

REBELDIA

Protesto das crianças na Praça

Protesto das Crianças

Não é novidade a implicância com a brincadeira da criançada na Praça. Ontem as crianças foram parar na delegacia pois uma pessoa furou a bola deles. Os relatos são inúmeros, skate arremessado vão da Praça abaixo, bola, tudo que seja brinquedo que “atrapalhe” os adultos.

NÃO ADIANDA FICAR BRIGANDO ENTRE NÓS!

DEIXEM AS CRIANÇAS EM PAZ, OS ADULTOS TRANQUILOS!

BRIGUEMOS JUNTOS POR UM CAMPINHO DE FUTEBOL DECENTE!

UMA PRAÇA COM BRINQUEDOS!

As crianças têm o direito de brincar, ainda mais, o dever! pois ao contrário aonde estariam, sendo adultos… no mundo das drogas? Na lan house? Vão ser expulsas pro novo shopping?

Convocamos a todxs a vir com suas bolas para a Praça hoje!
A DIALOGAR!
A praça é sua, é nossa!

A nova reforma não trouxe nenhuma mudança, só mais dos mesmos problemas!

BRIGUEMOS JUNTOS POR UMA PIPA MAIS DIGNA E DIVERTIDA!

Semana pela Soberania Audiovisual Pipa

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EM HOMENAGEM A ÍNDIA TAPUIA LUISA CANTOFA

A semana acontecerá em dias e locais distribuídos: dia 9 em Natal, dias 18, 19 e 20 em Pipa, (data a se confirmar em Sibaúma), com mostras de filmes e rodas de conversa que foram selecionados dialogando com as temáticas propostas.

A Semana pela Soberania Audiovisual é um encontro latinoamericano para troca de experiências e vivências audiovisuais em sedes descentralizadas, que inclui atividades paralelas de formação audiovisual, criações coletivas, transmissões de rádio popular e video, conversas e intervenções gráficas na cidade.

É uma mostra multi localizada que se realiza através de um esforço coletivo em vários países. Neste ano ela será realizada em setembro na Argentina, Bolivia, Colombia, Costa Rica, México e Peru e em novembro no Brasil e no Equador; com o propósito de tecer uma rede latino americana, compartilhar olhares diversos, alcançar maior acesso ao cinema em bairros periféricos e zonas rurais e (nos) oferecer alternativas a exibição e difusão convencional, que promovam a circulação de conteúdos alternativos e inter culturais, a partir da criação de espaços de reflexão e diálogo.

É um espaço que combina distintas linguagens, plataformas e materiais que giram ao redor da linguagem audiovisual e cinematográfica, convoca obras de todas as procedências, enfatizando realizações comunitárias urbanas, rurais e produzidas pelos povos originários da América Latina que projetam uma imagem própria, a todas as visões que não encontram espaço na rede de distribuição e exibição comercial.

Surgido a convite do coletivo da Semana pela Soberania Audiovisual do Rio de Janeiro, e como vinhamos desenvolvendo ações em audiovisual com crianças, aceitamos o convite de se fazer de forma colaborativa, reconhecendo a importância do audiovisual na formação critica das pessoas e também partindo de uma demanda da cidade de Pipa de ocupar o espaço público da Praça do Pescador com arte.

O objetivo é o de fortalecer a identidade, revelar seus personagens, ampliar os sentidos, por a diálogo e estimular a transversalidade de linguagens artísticas como o côco de Zambê, a Capoeira, assim como seus registros, suas histórias de resistência.

– Soberania Audiovisual –

O audiovisual é uma ferramenta potente de produção de memória coletiva, por isso na Semana Pela Soberania Audiovisual damos destaque para filmes que não circulam nos grandes festivais ou emissoras, seja por sua ‘condição’ técnica e financeira, seja por sua proposta política. Filmes realizados no contexto de resistências populares, organizações comunitárias, coletivos independentes, com diversos tipos de câmera e narrativas, que utilizam a linguagem do audiovisual para fortalecer suas comunidades e despertar consciência coletiva para as violações decorrentes do atual modelo “desenvolvimentista”.

Neste sentido, em sintonia com os 9 países da América Latina e Caribe que também estão realizando suas semanas, temos aqui na região do Rio Grande do Norte (Pipa, Tibau do Sul, Sibaúma e Natal) algumas categorias que relacionam o fazer audiovisual a urgência das lutas sociais locais

1- Cultura, Identidade e Memória
2- Resistências Indígenas
3- Autonomias
4- Especulação Imobiliária
5- Soberania Alimentar

Sendo a Semana do RN uma ação sobretudo espontânea e reconfigurativa, tentamos acomodar o maior número de sugestões de filmes possíveis, mas é vertiginosa a produção independente, os campos de luta e resistência. Optamos portanto em procurar exibir prioritariamente filmes produzidos sobre a região de Pipa, Sibaúma, Cabeceiras, Catu, Natal, muitos registros feitos por elas mesmas, conectá-las caracolicamente ao Quilombo de Minas, a Permangola baiana, a luta Munduruku, alguns filmes enviados pra convocatória do Rio de Janeiro, dentro das temáticas que escolhemos abordar, e de parceiros com quem colaboramos.

Para sugestões de filmes, envie link para o email.

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– Pré-evento de lançamento da Semana em Natal –

 

Em Natal será a abertura da Semana, na segunda dia 9 de Novembro no auditório do Centro de Ciências Sociais da UFRN (NEPSA), em Natal, com o lançamento potiguar do filme “Mundurukânia, na Beira da História“, de Miguel Viveiros de Castro e roda de conversa com a presença do diretor e o professor Rômulo Angélico, pesquisador das tribos indígenas e tapuias do RN.

 

 

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– Semana pela Soberania Audiovisual da Pipa –

 

Em Pipa acontecerão as Mostras de Filmes e Rodas de Conversa, nos dias 18, 19 e 20 de Novembro, na Praça do Pescador e outros locais a confirmar. Haverá exibição de filmes seguido de rodas de conversa, Feira de orgânicos, Dança contemporânea, Bazar, Capoeira, Zambê, Música, etc.


Programação em fase de tecetura!

 
 
 

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Participe!
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