Resgatando suas origens, os “caboclos” indígenas Eleotérios enfrentam preconceitos e a apropriação açucareira sobre seu território tradicional

Estado: Rio Grande do Norte,Paraíba
Fale conosco Município: João Câmara
Outros links úteis Município(s) atingidos: Açu, João Câmara, Canguaretama, Goianinha
População atingida: Povos indígenas
Danos causados: Desnutrição, Falta de atendimento médico,

As famílias dos “Eleotérios”, são na realidade uma comunidade indígena recentemente “ressurgida” na microrregião litorânea sul do Rio Grande do Norte, mais especificamente no lugar conhecido como Catu, localizado a aproximadamente 79 km de Natal. Os Eleotérios reconstruíram sua vida nas terras do Catu a partir dos meados do século XIX, quando, um de seus antepassados, Antônio Eleotério Soares, chegou no local, oriundo de Rio Tinto (Paraíba).

As famílias Eleotérios estiveram articuladas ao processo processo produtivo da borracha da mangabeira e agora enfrentam a apropriação territorial por usinas de Açúcar e o preconceito cultural que não reconhece os direitos de um povo indígena estabelecido na região há mais de um século e meio.

Contexto ampliado:
O Rio Grande do Norte é um dos poucos estados em que a presença indígena foi por mais tempo
desconsiderada. Desde meados do século XIX, os índios têm sido vistos como totalmente integrados e assimilados à sociedade potiguar. No máximo, a qualificação como “caboclo” assinalaria um aspecto diferencial, reportando à origem indígena dos assim denominados, mas sem primar, contudo, pela autenticidade ou “pureza” dessa boa parcela da população. A historiografia potiguar reforçou longamente essa perspectiva, disseminada através de livros didáticos ou na literatura voltada ao entendimento da formação sócio-cultural do Estado.
O Catu encontra-se nas bordas entre os municípios de Canguaretama e Goianinha. Os dois municípios têm uma economia voltada historicamente ao plantio extensivo da cana de açúcar. Além disso, investimentos em fazendas de carcinicultura (criação de camarões em cativeiro) passaram a se desenvolver a partir da década de 1990. O fluxo turístico alcança igualmente a região. Desde o final do século XIX até o início do século XX, a região sul do Rio Grande do Norte passou por um período de expansão econômica, baseada no extrativismo vegetal. Coletou-se, por muito tempo, o látex da mangabeira, cujo líquido, transformado
em borracha, teve grande importância como produto de exportação.

A partir de relatos orais, a antropóloga Cláudia Silva (2007) constatou que o extrativismo no Catu e a extração de madeira foram algumas das formas através das quais os Eleotérios se inseriram nas relações sociais mais amplas, articulando-se à “esfera de produção e de abastecimento coletivo enquanto fornecedores, junto de atravessadores e outros atores sociais que controlavam a terra e os recursos materiais”. A partir da década de 1970, as áreas tradicionalmente utilizadas pelos Eleotérios passaram a ser paulatinamente registradas e ocupadas pelas usinas e o cultivo extensivo da cana-de-açúcar, com o
emprego de serviços de segurança, o que torna ainda mais conflituosa a situação social e ambiental na região (Cláudia Silva, 2007). Uma grande empresa agroindustrial, a Usina Estivas, passou a controlar grande parte das terras de toda da região sul do Estado, inclusive nas áreas do Catu, restringindo o acesso de seus moradores às matas onde habituaram-se a fazer a extração do látex da mangabeira. Na década de 1990, o desmatamento de toda a região passou a ser mais noticiado publicamente. Isso gerou a intervenção maior de agências como o Idema – o Instituto (Estadual) de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – na região e teve implicações diretas para os moradores do Catu (Silva,
ibid).

Com o decreto No 14.369, de 22 de março de 1999, foi estabelecida a Área de Proteção Ambiental (APA) denominada Bonfim-Guaraíras com 442 km2. A área inclui trechos dos municípios de Goianinha, Nísia Floresta, Tibau do Sul, Arez, Senador Georgino Avelino e São José de Mipibu. A APA Bonfim-Guaraíras inclui terras habitadas por diversas populações, tal como a comunidade do Catu, incluindo as famílias Eleotérios, que passaram a se mobilizar em termos políticos a partir de um recorte étnico na década 2000. Nos pequenos trechos de mata virgem que ainda restam, os chamados “tabuleiros”, os Eleotérios usufruem do acesso aos recursos naturais.

A questão indígena é ainda pouco entendida na região, que reproduz as manifestações de preconceito e discriminação correntes em várias regiões brasileiras. Atualmente, comunidades indígenas vêm reivindicando direitos específicos no Rio Grande do Norte. Isso deve ser articulado aos processos mais gerais de mobilização étnica e política de grupos e povos indígenas, supostamente desaparecidos ou extintos, sobretudo no Nordeste do Brasil. O fenômeno da chamada “emergência étnica” ou da “etnogênese” já é amplamente conhecido em estados como o Ceará e Pernambuco. Esses processos de mobilização política enquadram-se às modificações geradas a partir da Constituição de 1988. Por outro lado, a atuação de agentes indigenistas diversos, sejam eles ligados a setores da Igreja Católica como a
movimentos sociais e ongs, além das universidades, tem possibilitado a construção de parcerias e intermediações de diversas ordens em contextos locais.
Em diversos momentos da década de 2000, diferentes comunidades indígenas têm reivindicado
publicamente sua especificidade étnica no Rio Grande do Norte. Os casos dos Eleotério do Catu, dos Mendonça do Amarelão do município de João Câmara, dos Caboclos de Açu, da comunidade de Banguê e Trapiá, também em Açu, ou da Comunidade de Sagi, cujos antecessores Potiguara vieram da Baía da Traição, na Paraíba, são exemplos desse novo contexto estadual e regional.

Desde 2005, audiências públicas têm sido realizadas com o pretexto de sensibilizar as autoridades governamentais para a questão indígena no Rio Grande do Norte. Como a atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai) é quase inexistente no Estado e a construção de um movimento indígena organizado ainda está por se consolidar, até mesmo em relação a entidades como a Articulação de Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), pode-se dizer que as reivindicações indígenas do Rio Grande do Norte têm muito a avançar como expressão de uma força política. O ativismo indigenista e a busca de sensibilização pública no Estado centram-se, sobretudo, na atuação do Grupo Paraupaba e da Fundação José Augusto. Nos últimos anos, contudo, esforços têm sido
feitos para articular os setores e autoridades governamentais municipais e estaduais para as políticas públicas voltadas nacionalmente para a questão indígena (sobretudo saúde e educação). Audiências públicas foram realizadas, envolvendo políticos estaduais, setores do movimento social, a UFRN, a Apoinme e as comunidades indígenas do Estado para sensibilizar a opinião pública e viabilizar intervenções governamentais mais decisivas para reverter o quadro de invisibilidade e precariedade de direitos. Até o momento, pouco mudou ou se conquistou a fim de mudar a situação atual das comunidades indígenas. Além da ausência da Funai, os problemas decorrentes da falta de compreensão sobre a temática indígena no Estado evidenciam-se claramente pelas parcas ações público-governamentais voltadas ao segmento.
Nem mesmo a Fundação Nacional de Saúde (Funasa/RN) abriga projetos de iniciativa comunitária em saúde indígena no Rio Grande do Norte.

Última atualização em: 05 de dezembro de 2009
Fontes: Ação Indígena Potiguar. Disponível em
%C3%ADgena_potiguar. Acesso em 27/08/2009
http://pub.descentro.org/wiki/%C3%A7%C3%A3o_ind
Audiência Pública discute a questão indígena no RN. Disponível em http://www.mineiropt.com.br
/conteudo/noticia.php?id_noticia=4319
Funasa – Iniciativas comunitárias em saúde indígena.
/Web%20Funasa/vigisus/startVigisus/sub3_mapaprojetos.html
Disponível
em
http://www.funasa.gov.br
GUERRA, Jussara A. Mendonça do Amarelão: caminhos e descaminhos da identidade indígena no RN.
Dissertação de Mestrado (Antropologia). Universidade Federal de Pernambuco. 2007.
História, povos indígenas e educação: (re)conheçendo e discutindo a diversidade cultural ? E. Silva
http://www.ufpe.br/npecap/documentos/artigo%20edson.doc
Matéria jornalística ?No RN, três grupos reivindicam
http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=17206
publicamente
identidade
indígena?
SILVA. Cláudia M. Moreira da. Em busca da realidade: a experiência da etnicidade dos Eleotérios (Catu,RN). Dissertação de Mestrado (Antropologia Social) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2007.

Todos os direitos reservados ao LIS/ICICT/Fiocruz
http://www.conflitoambiental.icict.fiocruz.br/index.php?pag=ficha&cod=95

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Jota Mombaça

Conheci Mombaça, artista de Natal, através do sitio português Buala em um artigo  chamado A coisa tá branca! (1.), em que colocava sua posição de sujeito decolonial frente a espaços estabelecidos como galerias e o campo das artes como um todo. Me impressionou muito sua sutilidade des&reconstrutiva em apresentar fissuras  e colocar sua assimetria como princípio mesmo de constituição do mundo. Depois vi alguns videos de performances e falas, como este que deixo aqui

que me inspiram a continuar com esse trabalho de revelar as raízes potyguaras da resistência.

JOTA MOMBAÇA
POTYGUARA VIVO!

1. http://www.buala.org/pt/mukanda/a-coisa-ta-branca?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+buala-pt+%28BUALA%29

 

 

 

 

Os aspectos legais e terapêuticos da Cannabis serão debatidos em evento na OAB

http://oabrn.org.br/2017/noticias/10406/os-aspectos-legais-e-teraputicos-da-cannabis-sero-debatidos-em-evento-na-oab

Os aspectos legais e terapêuticos da Cannabis serão debatidos em evento na OAB

http://oabrn.org.br/2017/noticias/10406/os-aspectos-legais-e-teraputicos-da-cannabis-sero-debatidos-em-evento-na-oab

Oficina de ginecologia política em Mossoró

Rio Grande do Norte acorda em luta

O objetivo é denunciar os despejos violentos no campo e o desrespeito com as famílias acampadas

O MST no Rio Grande do Norte tranca na manhã desta terça-feira (22) as BR 406, na altura de São Gonçalo do Amarante, e a 101, na altura de Múriu.

O objetivo é denunciar os despejos violentos no campo e o desrespeito com as famílias acampadas no estado, além de cobrar do governador do estado do Rio Grande do Norte que cumpra suas promessas com o povo.

Na última quinta-feira (17) a Polícia Militar, a mando do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), fez uma reintegração de posse ilegal sem dar direito, ao menos, das famílias retirarem suas coisas dos barracos.

O Movimento exige que o governador respeite seus compromissos e que o Governo Federal através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) faça as vistorias e desapropriação das áreas para reforma agrária no estado.

“Vamos seguir em luta até que nossos objetivos sejam de fato atendidos”, declararam os manifestantes.

*Editado por Rafael Soriano

http://www.mst.org.br/2017/08/22/rio-grande-do-norte-acorda-em-luta.html

Oficina de ginecologia politica em Pipa

Dia 10 e 11/08 no Espaço Sucupira

Convidamos às mulheres de todas as idades e diferentes vivências com seus corpos e sexualidade para um mergulho em si e nas profundezas do que significa ser mulher!

Nesse espaço de vivência queremos dialogar com vocês sobre os seguintes temas:
• a importância de começar nossa luta política a partir do nosso próprio corpo e de entendê-lo como nosso primeiro território de resistência;
• como perdemos nossa autonomia na gestão de nossa própria saúde e como estamos buscando recuperá-la;
• anatomia sexual feminina interna e externa; estudo de cada órgão, interno e externo, de nosso sistema sexual; afecções mais comuns que podem acometer cada órgão e seus tratamentos naturais;
• hormônios, ciclo menstrual, percepção e autogestão da fertilidade; a estreita relação entre a gestão dos nossos ciclos hormonais e questões ecológicas (uso de hormônios sintéticos, contaminação por xeno-estrogênios e disruptores endócrinos, descarte de absorventes industriais);
• a importância das bactérias boas, não patógenas, que habitam nossa vagina para a nossa saúde sexual e como cuidar delas e de nossa higiene íntima;
• métodos de identificação de infecções fúngicas, bacterianas, virais e por protozoários e seus tratamentos naturais;
• auto-exame vaginal/cervical com espéculo.

Nossa programação é a seguinte:

1º dia – 10/08 – das 14h as 18h:
Acolhimento/apresentação, história da ginecologia moderna, o que significa sermos cíclicas, anatomia interna, e nosso ciclo hormonal.

2º dia – 11/08 – das 14-18h:
Anatomia externa, principais desequilíbrios e infecções vaginais, auto-exame vaginal/cervical com espéculo, principais formas de tratamento para tais doenças e panorama das iniciativas de ginecologia autônoma pelo mundo.

As facilitadoras:

Nós Marilia Escanhoela Cucolicchio e Isabela Ladeira nos propomos a facilitar esse espaço com o objetivo de compartilhar com mulheres uma ferramenta de autonomia e auto-percepção de seus corpos entendendo que essa é uma luta política. Nos colocamos como facilitadoras, e não como especialistas no assunto. A proposta da oficina não é oferecer um pacote pronto de soluções alternativas para questões ginecológicas.
Propomos com essa oficina que cada uma de nós passe a confiar em nossas capacidades autocientíficas e usemos nossos corpos para essa pesquisa autônoma de forma consciente.

Estamos em uma jornada Brasil adentro, viajando a bordo de uma Kombi buscando e compartilhando experiências com Agroecologia. Para quem quiser saber mais sobre quem somos e nosso projeto, visitem a página:
https://www.facebook.com/kombosamecarrega/

Investimento:
Contribuição voluntária pela facilitação
Espéculos serão vendidos a R$5,0

O que levar:
Alimentos para compartilharmos um lanche
Esteira e toalha/canga
Para o auto-exame:
Espelhos pequenos (se possível, daqueles tipo maquiagem, com aumento)
Lanterna

No Rio Grande do Norte, Sem Terra ocupam mais um local no Perímetro Irrigado do Apodi

Cerca de 100 Sem Terra realizaram na manhã desta quintai-feira (2), uma nova ocupação no Perímetro Irrigado Santa Cruz, da Chapada do Apodi, localizado na comunidade de Lage do Meio, na divisa entre o Ceará e o Rio Grande do Norte.

Numa ação intimidadora o Grupo Tático Operacional da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, ameça as famílias e agride militantes que fazem parte da ocupação.

A ação segue como parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária e denuncia a inviabilidade do Perímetro Irrigado, bem como sua ilegitimidade, haja vista que o próprio articulador da obra, Henrique Alves (PMDB), está preso por corrupção.

O objetivo da ocupação é reivindicara desapropriação das terras para a Reforma Agrária Popular.

Lutar e resistir, pela Chapada do Apodi!
http://www.mst.org.br/2017/08/03/no-rio-grande-do-norte-sem-terra-ocupam-mais-um-local-no-perimetro-irrigado-do-apodi.html

Vem aí: Dias de cultura punk!

Agricultores do Açú, no RJ, sofrem nova injustiça

Não é a primeira vez que as famílias, legítimas proprietárias e possuidoras, recebem ameaça de despejo.
18 de julho de 2017 21h42
Da Página do MST

Mais uma vez as famílias do Açu sofrem com nova ameaça de reintegração de posse determinada pelo juiz da 1a Vara da Comarca de São João da Barra/RJ. Não é a primeira vez que as famílias, legítimas proprietárias e possuidoras, recebem essa ameaça.

Suas histórias e experiências no território do Açu estão marcadas de ações arbitrárias do poder político, que se alia ao poder econômico, tendo o poder judiciário como o representante fiel dessa aliança. Para o Juízo da 1a Vara de São João da Barra, trata-se de uma demanda simples: as empresas receberam a posse do estado.

Ignora que a transformação do 5o Distrito em zona industrial representou uma manobra política do então governador Sergio Cabral; ignora o descaso das empresas e do estado em pagar as indenizações irrisórias e ainda assim não pagas; ignora que a área em que as famílias foram deslocadas é um terreno em disputa judicial, tornando mais ameaçadora a ida dessas famílias, pois provavelmente serão expulsas pelo mesmo poder judiciário que as obriga a se deslocar.

Mas, o mais grave na decisão judicial é que se mostra visível na sua parcialidade. Desde que foi implantado, o porto do Açu não trouxe melhoria de vida para essas famílias, nem para os trabalhadores e trabalhadoras que vivem do empreendimento, mas acima de tudo, o ambiente nunca foi tão degradado.O Ministério Público chega a defender que tal empreendimento econômico “resultará do efetivo desenvolvimento econômico e industrial da região, com geração de emprego e renda”.

Mais grave. O Ministério Público, que pela Constituição deveria atuar em defesa do patrimônio ambiental, prefere ignorar todos os impactos que a Porto do Açu, empresa que já pertenceu ao empresário Eike Batista, suspeito de relações não legais com o então Governador Sérgio Cabral, vem impondo ao meio ambiente. E o Ministério Público que, arrogantemente, se coloca como a reserva moral da Constituição Brasileira, prefere apoiar cegamente o empreendimento sem nenhuma preocupação com o futuro ambiental dessa região, marcada por uma enorme riqueza de flora e fauna.

http://www.mst.org.br/2017/07/18/agricultores-do-acu-no-rj-sofrem-nova-injustica.html

*Editado Por Rafael Soriano

[Vídeo] São Flores, Ocupação 8 de março, Natal