Rio Grande do Norte acorda em luta

O objetivo é denunciar os despejos violentos no campo e o desrespeito com as famílias acampadas

O MST no Rio Grande do Norte tranca na manhã desta terça-feira (22) as BR 406, na altura de São Gonçalo do Amarante, e a 101, na altura de Múriu.

O objetivo é denunciar os despejos violentos no campo e o desrespeito com as famílias acampadas no estado, além de cobrar do governador do estado do Rio Grande do Norte que cumpra suas promessas com o povo.

Na última quinta-feira (17) a Polícia Militar, a mando do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), fez uma reintegração de posse ilegal sem dar direito, ao menos, das famílias retirarem suas coisas dos barracos.

O Movimento exige que o governador respeite seus compromissos e que o Governo Federal através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) faça as vistorias e desapropriação das áreas para reforma agrária no estado.

“Vamos seguir em luta até que nossos objetivos sejam de fato atendidos”, declararam os manifestantes.

*Editado por Rafael Soriano

http://www.mst.org.br/2017/08/22/rio-grande-do-norte-acorda-em-luta.html

No Rio Grande do Norte, Sem Terra ocupam mais um local no Perímetro Irrigado do Apodi

Cerca de 100 Sem Terra realizaram na manhã desta quintai-feira (2), uma nova ocupação no Perímetro Irrigado Santa Cruz, da Chapada do Apodi, localizado na comunidade de Lage do Meio, na divisa entre o Ceará e o Rio Grande do Norte.

Numa ação intimidadora o Grupo Tático Operacional da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, ameça as famílias e agride militantes que fazem parte da ocupação.

A ação segue como parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária e denuncia a inviabilidade do Perímetro Irrigado, bem como sua ilegitimidade, haja vista que o próprio articulador da obra, Henrique Alves (PMDB), está preso por corrupção.

O objetivo da ocupação é reivindicara desapropriação das terras para a Reforma Agrária Popular.

Lutar e resistir, pela Chapada do Apodi!
http://www.mst.org.br/2017/08/03/no-rio-grande-do-norte-sem-terra-ocupam-mais-um-local-no-perimetro-irrigado-do-apodi.html

Agricultores do Açú, no RJ, sofrem nova injustiça

Não é a primeira vez que as famílias, legítimas proprietárias e possuidoras, recebem ameaça de despejo.
18 de julho de 2017 21h42
Da Página do MST

Mais uma vez as famílias do Açu sofrem com nova ameaça de reintegração de posse determinada pelo juiz da 1a Vara da Comarca de São João da Barra/RJ. Não é a primeira vez que as famílias, legítimas proprietárias e possuidoras, recebem essa ameaça.

Suas histórias e experiências no território do Açu estão marcadas de ações arbitrárias do poder político, que se alia ao poder econômico, tendo o poder judiciário como o representante fiel dessa aliança. Para o Juízo da 1a Vara de São João da Barra, trata-se de uma demanda simples: as empresas receberam a posse do estado.

Ignora que a transformação do 5o Distrito em zona industrial representou uma manobra política do então governador Sergio Cabral; ignora o descaso das empresas e do estado em pagar as indenizações irrisórias e ainda assim não pagas; ignora que a área em que as famílias foram deslocadas é um terreno em disputa judicial, tornando mais ameaçadora a ida dessas famílias, pois provavelmente serão expulsas pelo mesmo poder judiciário que as obriga a se deslocar.

Mas, o mais grave na decisão judicial é que se mostra visível na sua parcialidade. Desde que foi implantado, o porto do Açu não trouxe melhoria de vida para essas famílias, nem para os trabalhadores e trabalhadoras que vivem do empreendimento, mas acima de tudo, o ambiente nunca foi tão degradado.O Ministério Público chega a defender que tal empreendimento econômico “resultará do efetivo desenvolvimento econômico e industrial da região, com geração de emprego e renda”.

Mais grave. O Ministério Público, que pela Constituição deveria atuar em defesa do patrimônio ambiental, prefere ignorar todos os impactos que a Porto do Açu, empresa que já pertenceu ao empresário Eike Batista, suspeito de relações não legais com o então Governador Sérgio Cabral, vem impondo ao meio ambiente. E o Ministério Público que, arrogantemente, se coloca como a reserva moral da Constituição Brasileira, prefere apoiar cegamente o empreendimento sem nenhuma preocupação com o futuro ambiental dessa região, marcada por uma enorme riqueza de flora e fauna.

http://www.mst.org.br/2017/07/18/agricultores-do-acu-no-rj-sofrem-nova-injustica.html

*Editado Por Rafael Soriano

No RN, empresa invade terras onde índios plantam próprio alimento

Terras estão em processo de demarcação pela Funai.
Justiça Federal deu prazo de 72 h para empresa desocupar o local.

Empresa invade terras onde índios potiguara plantam para comer (Foto: Clayton Carvalho/Inter TV Cabugi)
Plantações de banana, milho e macaxeira foram destruídas (Foto: Clayton Carvalho/Inter TV Cabugi)

Uma empresa de cana-de-açúcar invadiu as terras onde índios da aldeia Sagi-Trabanda cultivam alimentos para seu sustento. Segundo os índios da etnia potiguara, as plantações foram destruídas e a área, cercada. A terra, conhecida como Paús, fica em Baía Formosa, no Litoral Sul potiguar. Ela está em processo de demarcação pela Funai e, segundo a OAB, pertence aos índios.

Além de pés de banana, cortados a facão, foram destruídas plantações de milho, macaxeira, jerimum e feijão. Frutas, muitas quase no ponto de colheita, foram perdidas.

O índio João dos Santos é agricultor e conta como foi ver a plantação destruída: “Senti uma tristeza muito grande, não aguentei, comecei a chorar, porque, com certeza, ia faltar macaxeira, banana pra minha filha poder, de manhã, comer com leite e ir pro colégio.”

A plantação destruída era cultivada por seis das 23 famílias da comunidade. Agora sem área para plantar, eles não sabem o que fazer para garantir o sustento dos filhos.

“A gente chega aqui e vê tudo destruído, sem poder fazer nada, pra tirar o alimento das famílias. Quando chegamos aqui pra ver, nosso parceiro não aguentou não, começou a chorar”, conta Isaías da Silva, que também é agricultor.
Empresa invade terras onde índios potiguara plantam para comer (Foto: Clayton Carvalho/Inter TV Cabugi)
Direito dos índios ao Paús é reconhecido pela OAB

(Foto: Clayton Carvalho/Inter TV Cabugi)

Terras estavam para ser demarcadas
Segundo o cacique da tribo, Manoel Nascimento, a invasão e os estragos foram provocados por uma empresa de beneficiamento de cana-de-açúcar que fica próxima da área indígena. Ele diz ainda que isso nunca tinha acontecido e estranha o fato de acontecer agora, quando a aldeia passa por um estudo da Funai para a demarcação das terras onde os antepassados já estavam há mais de 160 anos.

“É uma área indígena que já é ocupada há muitos e muitos anos. Toda a vida trabalhamos aqui, a usina tem conhecimento desse fato. Quando a usina comprou, a gente já vivia aqui há muitos anos”, relata Manoel.

O que não foi destruído foi cercado pela empresa, o que impede o acesso da comunidade indígena às plantações que ainda estão de pé. O caso é acompanhado pela Comissão de Direitos Humanos da OAB/RN. Segundo o presidente da Comissão, Djamiro Acipreste, a Funai já acionou a Advocacia Geral da União, que entrou com ação na Justiça Federal pedindo a reintegração de posse da área.

Possível conflito
“Essas áreas, além de destruídas, foram cercadas, e existem pessoas armadas fazendo a defesa. Não é fácil saber o que vai acontecer, podemos ter uma tragédia, e é extremamente importante que a sociedade potiguar tenha a sensibilidade de enxergar o que ocorre, e que nós possamos dar resposta imediata para garantir, em primeiro lugar, o acesso do índio às suas terras e, em segundo lugar, que eles sejam respeitados.”

Segundo Djamiro, contam com o Paús 562 índios e 26 famílias, cuja subsistência depende totalmente da agricultura e a pesca. Desde 2015, a Funai se organiza para fazer os estudos cartográficos e antropológicos que são base de uma ação para demarcação de terra indígena.

Usina reivindica terras
Em nota, a empresa afirmou que é a dona do Paús e que está tudo regularizado em cartório. Disse ainda que não há reconhecimento do poder público de que a área em questão seja indígena. A reportagem também entrou em contato com a Funai, que não respondeu até a publicação desta matéria.

Sobre a polêmica, a juíza da Quinta Vara Federal, Moniky Mayara Costa Fonseca, concedeu liminar em favor da tribo. Na decisão, a magistrada dá um prazo de 72 h pra que a usina retire as cercas e outros obstáculos na área, permitindo acesso livre aos índios. A liminar ainda prevê multa de R$ 1 mil para cada réu em caso de descumprimento.

Empresa invade terras onde índios potiguara plantam para comer (Foto: Clayton Carvalho/Inter TV Cabugi)
562 índios dependem das terras para agricultura (Foto: Clayton Carvalho/Inter TV Cabugi)

http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2016/12/no-rn-empresa-invade-terras-onde-indios-plantam-proprio-alimento.html

Cartas de indígenas potiguaras de las Guerras Holandesas en el Brasil (1645-1646)

As cartas são as mais antigas da história da colonização. Revelam o jogo cruzado que faziam Portugueses e Holandeses para colocarem os indígenas uns contra os outros.

http://corpusarchivos.revues.org/368#tocto1n4

Resgatando suas origens, os “caboclos” indígenas Eleotérios enfrentam preconceitos e a apropriação açucareira sobre seu território tradicional

Estado: Rio Grande do Norte,Paraíba
Fale conosco Município: João Câmara
Outros links úteis Município(s) atingidos: Açu, João Câmara, Canguaretama, Goianinha
População atingida: Povos indígenas
Danos causados: Desnutrição, Falta de atendimento médico,

As famílias dos “Eleotérios”, são na realidade uma comunidade indígena recentemente “ressurgida” na microrregião litorânea sul do Rio Grande do Norte, mais especificamente no lugar conhecido como Catu, localizado a aproximadamente 79 km de Natal. Os Eleotérios reconstruíram sua vida nas terras do Catu a partir dos meados do século XIX, quando, um de seus antepassados, Antônio Eleotério Soares, chegou no local, oriundo de Rio Tinto (Paraíba).

As famílias Eleotérios estiveram articuladas ao processo processo produtivo da borracha da mangabeira e agora enfrentam a apropriação territorial por usinas de Açúcar e o preconceito cultural que não reconhece os direitos de um povo indígena estabelecido na região há mais de um século e meio.

Contexto ampliado:
O Rio Grande do Norte é um dos poucos estados em que a presença indígena foi por mais tempo
desconsiderada. Desde meados do século XIX, os índios têm sido vistos como totalmente integrados e assimilados à sociedade potiguar. No máximo, a qualificação como “caboclo” assinalaria um aspecto diferencial, reportando à origem indígena dos assim denominados, mas sem primar, contudo, pela autenticidade ou “pureza” dessa boa parcela da população. A historiografia potiguar reforçou longamente essa perspectiva, disseminada através de livros didáticos ou na literatura voltada ao entendimento da formação sócio-cultural do Estado.
O Catu encontra-se nas bordas entre os municípios de Canguaretama e Goianinha. Os dois municípios têm uma economia voltada historicamente ao plantio extensivo da cana de açúcar. Além disso, investimentos em fazendas de carcinicultura (criação de camarões em cativeiro) passaram a se desenvolver a partir da década de 1990. O fluxo turístico alcança igualmente a região. Desde o final do século XIX até o início do século XX, a região sul do Rio Grande do Norte passou por um período de expansão econômica, baseada no extrativismo vegetal. Coletou-se, por muito tempo, o látex da mangabeira, cujo líquido, transformado
em borracha, teve grande importância como produto de exportação.

A partir de relatos orais, a antropóloga Cláudia Silva (2007) constatou que o extrativismo no Catu e a extração de madeira foram algumas das formas através das quais os Eleotérios se inseriram nas relações sociais mais amplas, articulando-se à “esfera de produção e de abastecimento coletivo enquanto fornecedores, junto de atravessadores e outros atores sociais que controlavam a terra e os recursos materiais”. A partir da década de 1970, as áreas tradicionalmente utilizadas pelos Eleotérios passaram a ser paulatinamente registradas e ocupadas pelas usinas e o cultivo extensivo da cana-de-açúcar, com o
emprego de serviços de segurança, o que torna ainda mais conflituosa a situação social e ambiental na região (Cláudia Silva, 2007). Uma grande empresa agroindustrial, a Usina Estivas, passou a controlar grande parte das terras de toda da região sul do Estado, inclusive nas áreas do Catu, restringindo o acesso de seus moradores às matas onde habituaram-se a fazer a extração do látex da mangabeira. Na década de 1990, o desmatamento de toda a região passou a ser mais noticiado publicamente. Isso gerou a intervenção maior de agências como o Idema – o Instituto (Estadual) de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – na região e teve implicações diretas para os moradores do Catu (Silva,
ibid).

Com o decreto No 14.369, de 22 de março de 1999, foi estabelecida a Área de Proteção Ambiental (APA) denominada Bonfim-Guaraíras com 442 km2. A área inclui trechos dos municípios de Goianinha, Nísia Floresta, Tibau do Sul, Arez, Senador Georgino Avelino e São José de Mipibu. A APA Bonfim-Guaraíras inclui terras habitadas por diversas populações, tal como a comunidade do Catu, incluindo as famílias Eleotérios, que passaram a se mobilizar em termos políticos a partir de um recorte étnico na década 2000. Nos pequenos trechos de mata virgem que ainda restam, os chamados “tabuleiros”, os Eleotérios usufruem do acesso aos recursos naturais.

A questão indígena é ainda pouco entendida na região, que reproduz as manifestações de preconceito e discriminação correntes em várias regiões brasileiras. Atualmente, comunidades indígenas vêm reivindicando direitos específicos no Rio Grande do Norte. Isso deve ser articulado aos processos mais gerais de mobilização étnica e política de grupos e povos indígenas, supostamente desaparecidos ou extintos, sobretudo no Nordeste do Brasil. O fenômeno da chamada “emergência étnica” ou da “etnogênese” já é amplamente conhecido em estados como o Ceará e Pernambuco. Esses processos de mobilização política enquadram-se às modificações geradas a partir da Constituição de 1988. Por outro lado, a atuação de agentes indigenistas diversos, sejam eles ligados a setores da Igreja Católica como a
movimentos sociais e ongs, além das universidades, tem possibilitado a construção de parcerias e intermediações de diversas ordens em contextos locais.
Em diversos momentos da década de 2000, diferentes comunidades indígenas têm reivindicado
publicamente sua especificidade étnica no Rio Grande do Norte. Os casos dos Eleotério do Catu, dos Mendonça do Amarelão do município de João Câmara, dos Caboclos de Açu, da comunidade de Banguê e Trapiá, também em Açu, ou da Comunidade de Sagi, cujos antecessores Potiguara vieram da Baía da Traição, na Paraíba, são exemplos desse novo contexto estadual e regional.

Desde 2005, audiências públicas têm sido realizadas com o pretexto de sensibilizar as autoridades governamentais para a questão indígena no Rio Grande do Norte. Como a atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai) é quase inexistente no Estado e a construção de um movimento indígena organizado ainda está por se consolidar, até mesmo em relação a entidades como a Articulação de Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), pode-se dizer que as reivindicações indígenas do Rio Grande do Norte têm muito a avançar como expressão de uma força política. O ativismo indigenista e a busca de sensibilização pública no Estado centram-se, sobretudo, na atuação do Grupo Paraupaba e da Fundação José Augusto. Nos últimos anos, contudo, esforços têm sido
feitos para articular os setores e autoridades governamentais municipais e estaduais para as políticas públicas voltadas nacionalmente para a questão indígena (sobretudo saúde e educação). Audiências públicas foram realizadas, envolvendo políticos estaduais, setores do movimento social, a UFRN, a Apoinme e as comunidades indígenas do Estado para sensibilizar a opinião pública e viabilizar intervenções governamentais mais decisivas para reverter o quadro de invisibilidade e precariedade de direitos. Até o momento, pouco mudou ou se conquistou a fim de mudar a situação atual das comunidades indígenas. Além da ausência da Funai, os problemas decorrentes da falta de compreensão sobre a temática indígena no Estado evidenciam-se claramente pelas parcas ações público-governamentais voltadas ao segmento.
Nem mesmo a Fundação Nacional de Saúde (Funasa/RN) abriga projetos de iniciativa comunitária em saúde indígena no Rio Grande do Norte.

Última atualização em: 05 de dezembro de 2009
Fontes: Ação Indígena Potiguar. Disponível em
%C3%ADgena_potiguar. Acesso em 27/08/2009
http://pub.descentro.org/wiki/%C3%A7%C3%A3o_ind
Audiência Pública discute a questão indígena no RN. Disponível em http://www.mineiropt.com.br
/conteudo/noticia.php?id_noticia=4319
Funasa – Iniciativas comunitárias em saúde indígena.
/Web%20Funasa/vigisus/startVigisus/sub3_mapaprojetos.html
Disponível
em
http://www.funasa.gov.br
GUERRA, Jussara A. Mendonça do Amarelão: caminhos e descaminhos da identidade indígena no RN.
Dissertação de Mestrado (Antropologia). Universidade Federal de Pernambuco. 2007.
História, povos indígenas e educação: (re)conheçendo e discutindo a diversidade cultural ? E. Silva
http://www.ufpe.br/npecap/documentos/artigo%20edson.doc
Matéria jornalística ?No RN, três grupos reivindicam
http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=17206
publicamente
identidade
indígena?
SILVA. Cláudia M. Moreira da. Em busca da realidade: a experiência da etnicidade dos Eleotérios (Catu,RN). Dissertação de Mestrado (Antropologia Social) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2007.

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